veja o que é PANE:GRAMATICAL

No dia 19 de Novembro de 1989, a "Folha de São Paulo" publicou a seguinte nota na seção Painel:

Pane Gramatical

"Os computadores do TSE emitiam o aviso, ontem, no intervalo dos boletins: 'Dentro de instantes SERÁ DIVULGADO novos resultados'."

O jornal citado, publicou a nota criticando os erros de concordância dos divulgadores do TSE e chamou de pane, por ser em rede.

Nesse mesmo dia e no mesmo jornal, lê-se o seguinte:

"É exatamente essa GRANDE MAIORIA que chamamos, abstratamente, de povo. São os cidadãos humildes, que vivem de pequenos serviços na periferia das grandes cidades(...)
SÃO para esses cidadãos anônimos, que ganharam personalidade dia 15 de Novembro, que o novo governo deverá estar voltado". (Leo W. Cochrane Jr., "O recado do povo").

O estranho é que o jornal criticou a falta de concordância do TSE, mas o próprio jornal cometeu as mesmas falhas.

Os trechos problemáticos desses trechos:

- "Dentro de instantes serão divulgados novos resultados." ( novos resultados é o sujeito no plural, logo o verbo também deveria estar na 3ª pessoa do plural )

- "É para esses cidadãos anônimos (...) que o novo governo deverá estar voltado." ( O governo é sujeito no singular também, não se justifica o verbo na 3 ª pessoa do plural )

- GRANDE MAIORIA - se é a maioria já é grande. Essa construção é um pleonasmo vicioso como "subir para cima", "descer para baixo" ou "prioridade máxima".


Ainda no mesmo jornal, outra PANE:

"Apesar de consideradas erradas, construções como "No segundo turno nós conversa", "A gente fomos", "Subiu os preços" obedecem às regras de concordância sistemáticas, características principalmente de dialetos de pouco prestígio social, o que não convence gramaticalmente, mas socialmente aceito no meio em que convivem seus falantes.
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O trecho abaixo, extraído de um editorial de jornal (portanto representativo da modalidade culta), contém uma construção que é de fato um erro de concordância.
"Pode-se argumentar, é certo, que eram previsíveis os perçalços que enfrentariam qualquer programa de estabilização (...) necessário no Brasil."

(In "Folha de S. Paulo", 7.11.90)

No trecho "...Os percalços que enfrentariam qualquer programa" o locutor enganou-se mais uma vez quanto ao sujeito da oração: 

julgando que a frase se encontrava na ordem direta, considerou 
"percalços" como sujeito, e não "qualquer programa de estabilização", esse sim, o agente da ação verbal enfrentaria. 

Ou seja: Qualquer programa de estabilização no Brasil enfrentaria percalços.

"Pode-se argumentar, é certo, que eram previsíveis os percalços que enfrentaria qualquer programa de estabilização (...) necessário no Brasil."