EPT deve ser requisito para desenvolvimento econômico e social




Qua, 30 de Maio de 2012 10:30


A educação profissional e tecnológica (EPT) precisa romper paradigmas impostos até os dias

de hoje para oferecer uma formação para a vida e não só para o trabalho. Esse foi o consenso

a que chegaram profissionais do Brasil, México, Argentina e Colômbia durante discussões

sobre o papel institucional, político e social da EPT. O debate foi realizado na tarde de

terça-feira, 29, na Sala Sambaqui 5 – piso superior do CentroSul.

Ao traçar um panorama da educação profissional na América Latina na última década, a

socióloga Claudia Gabriela Jacinto, da Argentina, mostrou avanços, mas apontou dados

alarmantes e que demonstram haver um longo caminho a ser trilhado rumo à justiça

educacional e social. Segundo ela, embora a EPT tenha sido priorizada em relação a outras

políticas públicas, o desemprego ainda impera entre os jovens latino-americanos: é duas vezes

maior nessa população do que entre os adultos.

Há, também, enorme discrepância em relação à escolarização nas áreas urbanas e rurais.

Enquanto a população das cidades fica na escola, em média, por nove anos, no campo elas

estudam a metade desse tempo. Especificamente no México, a socióloga Patricia Janette

Gongora Soberanes informou, ainda, que 56 de cada 100 estudantes abandonam as escolas

técnicas aos 16 anos, a maioria porque precisa trabalhar. E a profissionalização dos que

persistem nem sempre melhora o salário.

Para mudar esse quadro, as profissionais defendem que os currículos precisam deixar de ser





EPT deve ser requisito para desenvolvimento econômico e social


Qua, 30 de Maio de 2012 10:30


traçados para a execução de tarefas em si. Além disso, a EPT deve ser exigida como um

direito dos cidadãos. Para tanto, é necessária a participação de estudantes, docentes e da

sociedade civil na construção de políticas educacionais voltadas para além da escola, ou seja,

integral e duradoura.

“A educaçã por si sónã garante que sejamos mais humanos, no amplo sentido da

palavra”, resume a méica colombiana Esperanza Ceró Villaquirá. Ela deve ser um requisito

para o desenvolvimento econôico e social. “Nã podemos exigir mais do mesmo modelo”,

defende.


Contraponto


Nesse cenário, o Brasil vive um contraponto em relação às demais nações latino-americanas.

Nos últimos seis anos, o País vem enfrentando a maior ampliação do ensino profissionalizante

de sua história, passando de 140 para 405 escolas. Tal expansão se concretizou a partir da

criação da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica.

O secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social do Ministério da Ciência,

Tecnologia e Inovação, Eliezer Pacheco, garante que as escolas estão sendo criadas com foco

nessa nova perspectiva, tanto mencionada pelas profissionais estrangeiras, mas com

resistências. “Aténa ala esquerdista havia preconceito em relaçã àeducaçã profissional,

vista por muitos como formaçã de mã de obra barata para atender ao capitalismo”, relata.

O projeto da rede de EPT brasileira busca a coerêcia com quatro princíios:

desenvolvimento, soberania, inclusã social e democracia. “O papel do Estado nã éformar o

ténico, mas o cidadã. Éa formaçã profissional, juntamente com a escolaridade, que vai

ampliar a autonomia do trabalhador”, conclui.