trabalho escravo no Brasil

A persistência inaceitável de casos de trabalho escravo no Brasil no limiar do século XXI explicita a profunda
contradição da modernidade tecnológica alcançada pelo país e a absurda exploração do ser humano à qual estão
submetidas parcelas dos trabalhadores brasileiros. Para uma melhor interpretação da realidade na qual o trabalho escravo
está inserido, foram mapeados os dados sobre o fenômeno, especialmente os relativos de libertação de trabalhadores
escravizados e a denúncias de casos de escravidão. A partir desse mapeamento, que compreende correlações temporais
e temáticas, foram analisadas as estruturas, padrões, fl uxos e tendências da escravidão contemporânea no Brasil, o que
permitiu: a) compreender o fenômeno no território brasileiro e b) identifi car situações que favorecem ou inibem o crime
de escravização dos trabalhadores. Como resultado, observou-se que o fenômeno apresenta uma lógica territorial, com
concentração em algumas regiões, e que está relacionado às atividades específi cas de uso do território. A grande novidade
deste trabalho é apresentar todos esses dados espacializados, o que permite lançar novas luzes sobre a questão.
A existência de situações de trabalho escravo em nosso país tem desafi ado as instituições competentes a organizar
ações visando erradicá-lo. Parte deste esforço constiui-se na construção e difusão de indicadores que possibilitem
prevenir e monitorar o fenômeno. É nesse sentido que este trabalho se insere.
Neste trabalho analisamos a forma contemporânea de escravidão que ocorre no campo brasileiro, onde
trabalhadores realizam tarefas árduas em condições desumanas, degradantes, sem receber nada por seu trabalho, bem
como em condições de privação de liberdade.
Devido à gravidade do problema do trabalho escravo rural contemporâneo no país, a Organização
Internacional do Trabalho (OIT) implementa desde 2002 o Projeto de Combate ao Trabalho Escravo. Desde
então, a OIT atua em parceria com instituições nacionais comprometidas com o tema, especialmente aquelas que
fazem parte da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE). Criada em agosto
de 2003, a CONATRAE é um órgão colegiado vinculado à Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH)
da Presidência da República e tem a função primordial de elaborar e monitorar a execução dos Planos Nacionais
para a Erradicação do Trabalho Escravo