Morreu nesta quinta-feira (17), no México, o escritor e jornalista colombiano Gabriel García Márquez, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura. Ele tinha completado 87 anos no último dia 6 de março.
García Márquez enfrentou um câncer linfático durante 15 anos. Há 9 dias, deixou o hospital depois de mais de uma semana internado pra tratar uma pneumonia. Imagens mostram o momento em que o escritor foi transferido para casa, onde passou os últimos dias.
García Márquez era conhecido também como Gabo. Só o livro Cem Anos de Solidão vendeu 40 milhões de exemplares em mais de 30 idiomas. García Márquez era considerado um gênio. Entre outras coisas, porque reinventou o jeito de contar histórias, na escola literária conhecida como Realismo Fantástico.
Um dia ele confessou: desde menino sonhava em dominar a arte de fazer truques, brincar com a ilusão, deixar a imaginação voar para o irreal. "Tudo é questão de despertar sua alma", disse.
Um dia ele confessou: desde menino sonhava em dominar a arte de fazer truques, brincar com a ilusão, deixar a imaginação voar para o irreal. "Tudo é questão de despertar sua alma", disse.
E a alma de quem queria ser mágico nunca se distanciou das memórias da infância em
Aracataca, na Colômbia, onde nasceu. Gabriel García Márquez foi criado pelos avós, contadores de histórias vividas e outras nem tanto. O avó, coronel, se gabava da bravura de ter lutado na guerra civil. Com a avó, aprendeu a entrar no reino encantado dos rituais e lendas indígenas.
Aracataca, na Colômbia, onde nasceu. Gabriel García Márquez foi criado pelos avós, contadores de histórias vividas e outras nem tanto. O avó, coronel, se gabava da bravura de ter lutado na guerra civil. Com a avó, aprendeu a entrar no reino encantado dos rituais e lendas indígenas.
E este rico universo, bem guardado nas lembranças, enriqueceu os textos do já jornalista em Bogotá. Como repórter, García Márquez foi correspondente em Roma e em Nova York. De lá foi obrigado a abandonar os Estados Unidos. A Agência de Espionagem Americana, a CIA, não gostou da amizade dele com o então presidente cubano, Fidel Castro.
No México, com a mulher Mercedes e os dois filhos, abandona o emprego para ter tempo integral dedicado à literatura. Passou temporadas em Barcelona, Caracas e Havana. E entre amores, desamores, aventuras, surpreende críticos e leitores com "Cem Anos de Solidão", uma viagem espetacular pelo Realismo Fantástico, onde o tempo, o lugar e os personagens são completamente imaginários, quase absurdos.
A história passada na cidade fictícia chamada Macondo é sucesso no mundo, mas García Márquez surpreende mais uma vez: “’Cem Anos de Solidão’ não é meu livro. Meu livro é ‘O amor nos tempos de cólera’, esse é um livro que vai ficar. ‘Cem anos de solidão’ é um livro mítico e eu não trato de tirar dele mérito algum. Mas ‘O amor nos tempos de cólera’ é um livro humano, com os pés na terra do que somos de verdade", declarou o escritor colombiano.
Das páginas para as telas. ‘Amor nos tempos de cólera’ vai para o cinema. A atriz Fernanda Montenegro é uma das atrizes do filme.
García Márquez tem 30 obras publicadas, entre elas, ‘Viver para contar’, livro que escreveu em 2004 depois de ter se recuperado de um câncer linfático. E ele continuou contando, e arrebatando. As aventuras de um senhor de 90 anos com uma adolescente virgem é um romance sobre os sinais do envelhecimento.
García Márquez ganhou dezenas de prêmios, entre eles o maior: o Nobel de Literatura pelo conjunto da obra. Modesto e tímido, comentou: "A grande vantagem do Prêmio Nobel é que nunca mais serei candidato, o que me dá tranquilidade em todos os meses de outubro".
Há cinco anos Garcia Márquez anunciou a aposentadoria. Uma demência senil o fez esquecer histórias vividas por ele, histórias fantásticas criadas por ele. Nesse período pode até ter convivido com um Realismo Mágico criado por ele, especialmente para ele. Aos leitores ele deixa a imaginação. Em que mundo viveu García Márquez nos últimos anos?